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A Internet é hoje uma máquina de ligação fortíssima que permite que qualquer pessoa com um computador ou um smartphone se ligue (em segundos) a uma outra (em tempo real) em qualquer parte do mundo. Encurtámos radicalmente as distâncias, o mundo ficou efetivamente mais pequeno e tornámo-nos todos muito mais próximos uns dos outros. E com isso, procuramos constantemente satisfazer uma necessidade humana tão básica quanto fundamental que é a de nos ligarmos a outros seres humanos.


O poder que as redes sociais têm,
mostra-nos que somos consumidores
insaciáveis de ligações, e que é
muito melhor ligarmo-nos a pessoas
que a aparelhos, máquinas e objetos.



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Numa época em que somos muito mais livres mas em que nos sentimos muito mais sós, vamo-nos aos poucos apercebendo da necessidade e importância de nos ligarmos aos outros, de ultrapassar a solidão que a vida nas cidades nos proporciona, de estabelecer laços (de preferência duradouros) e de construir pontes com outras pessoas.

Estamos a viver, como diz Seth Godin, numa economia de ligação, e as ligações que daí resultam têm vindo a mudar não só o mundo, como a nossa forma de viver e a forma de nos relacionarmos uns com os outros.

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A economia de ligação mudou a forma como arranjamos empregos, como fazemos e ouvimos música,  como escrevemos e lemos livros, como decidimos onde jantar e o que comer, o que visitar ao fim de semana,  quais os destinos mais apetecíveis para viajar, entre muitas outras coisas (algumas menos prosaicas e por vezes mais poéticas). Mudou também a forma como fazemos arte e como somos artistas nos dias de hoje.

Mas para que ligações verdadeiras se estabeleçam é necessário arte e esforço emocional. Se queremos verdadeiramente ter acesso à atenção, gratidão, interesse e alma dos outros temos que os conquistar com o nosso esforço emocional (não com o nosso esforço físico).


Temos que pôr em cima da mesa
risco, alegria, medo, atenção
e amor.
- S E T H  G O D I N 


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No coração da economia de ligação está a vulnerabilidade, a capacidade de nos abrirmos aos outros, a nossa humanidade e acima de tudo, a nossa generosidade.

Como diz Seth Godin, não interessa quantos amigos temos no Facebook ou quantos seguidores temos no Instagram, o que interessa é se alguém irá sentir a nossa falta se, por acaso, deixarmos de aparecer.

Vivemos rodeados de pessoas que praticamente ignoramos, desde que nos sirvam e nos dêem o que queremos. Isso acontece nos nossos locais de trabalho, nos nossos prédios, supermercados, cinemas, lojas, restaurantes e afins. Mais facilmente trocamos bens do que afetos. E no fundo, gostamos mais de ser servidos do que servir.

Vivemos tão apressados que é fácil tratar as pessoas como se fossem invisíveis. Onde está o contacto visual? Onde está a dignidade que deriva de reconhecermos a existência da outra pessoa? Seth Godin

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Estarmos presentes e verdadeiramente atentos aos outros (amigos, familiares, conhecidos e também desconhecidos) humaniza-nos e humaniza o outro. E é, a meu ver, umas das poucas formas de estabelecer relações verdadeiras.

Termos a capacidade de escutar alguém e lhe concedermos verdadeiramente o nosso tempo e atenção é conceder-lhe algo de precioso: a sua humanidade
E podemos pô-lo em prática em gestos tão simples como colocar o telemóvel de lado quando jantamos com a pessoa que amamos; olhar nos olhos a pessoa necessitada a quem estamos a dar uma pequena ajuda financeira no metro, agradecer a quem nos segura a porta e espera por nós para entrar.


Estabelecer ligações verdadeiras com
os outros faz-se com arte e 
também através da arte.


E essa é uma boa forma de medir se o trabalho que fazemos faz efetivamente diferença no mundo ou não. Quando um texto que publicámos num blog, ou um vídeo que gravámos e colocámos no Youtube se espalha, chega a outras pessoas e toca a vida de alguém, significa que conseguimos criar uma ponte, fazer uma ligação. Significa que a arte aconteceu.

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Quando as pessoas regressam à nossa loja, ao nosso blog, ao nosso site, ou canal de YouTube, ou mesmo à nossa banca no mercado (a loja das flores da Alcina no Mercado da Riberia nunca é por mim trocada por nenhuma outra) , é porque as pessoas gostam da forma como interagimos com elas e porque levámos entusiasmo e companheirismo onde antes nada existia.

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Cada vez mais tenho a certeza que são as relações humanas que estabelecemos uns com os outros que nos trazem verdadeira felicidade na vida. Se calhar ainda não somos tão bons nisso como desejaríamos ou gostaríamos. Mas, tal como tudo o que é artístico, é necessário prática e dedicação. E quanto mais o fizermos, melhores nos tornaremos. 

Ao fim e ao cabo, Picasso não foi o artista que foi por ter pintado apenas um quadro genial. Mas sim, por ter pintado e treinado todos os dias da sua vida.

Criar Ligações Verdadeiras

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