Um Brinde a 2017!


A Passagem de Ano, tal como muitas vezes os aniversários, são alturas do ano que nos fazem inevitavelmente parar para pensar, nem que seja um pouco. A forma de viver e celebrar estas datas incontornáveis varia muito de pessoa para pessoa, sendo que cada vez mais verifico que, salvo algumas excepções, muitos de nós nem sempre as vive da forma tão feliz, alegre e genuína como interiormente gostaria, ou como social e culturalmente se espera que as vivamos. 
E isto porque nestas datas, talvez mais do que em qualquer outras, ganhemos uma consciência mais real e ampliada da nossa vida, daquilo que somos face ao que gostaríamos de ser, daquilo que temos em relação ao que não temos, do sítio onde gostaríamos de estar em relação àquele em que verdadeiramente estamos.

Olhamos à nossa volta e durante algumas horas o mundo inteiro transforma-se numa grande festa coletiva que celebra a vida de uma forma única. Pelo mundo inteiro, os fogos de artifício mais espetaculares rasgam os céus e enchem a noite fria de cores e luzes únicas, como estrelas cadentes. 

Tão fugazes e frágeis, como a própria vida (certamente não seriam tão bonitos se não fossem tão fugazes).

E assim, das mais variadas formas, celebramos juntos este estranho milagre que é estarmos vivos num mundo tanto frágil quanto hostil mas, acima de tudo, incrivelmente desafiante. Porque sim, mudarmos a página do calendário para um novo ano, significa não só que estamos vivos, mas acima de tudo que temos um desafio de 365 dias (se tudo correr bem) pela nossa frente para viver.


E visto que a vida não é um jogo de sudoku cujas as soluções estão algures escritas num livro que ainda não nos foi dado ler, o nosso grande desafio é encontrar a melhor forma do o fazer, sendo que eu, em particular, acredito que a CRIATIVIDADE e a CURIOSIDADE sejam os caminhos a tomar. 

CRIATIVIDADE porque acredito que a vida, apesar de tudo, é incrivelmente generosa e dotou-nos de capacidades que nos permitem (re)criá-la e (re)inventá-la constantemente. Em vez de ficarmos passivamente à espera de ver o que a vida nos traz, acho infinitamente mais interessante CRIÁ-LA a partir do campo de infinitas possibilidades que a todo o momento ela nos oferece. Gosto de pensar: o que é que este ano quero de experienciar na minha vida? O que é que gostava de sentir, de viver, de experimentar? E caminhar nessa direção.

Imagens Homes in Colour

E podem ser coisas tão simples e prosaicas como sair da depressão em que nos instalámos há tanto tempo que já nem nos lembramos porquê; pode ser simplesmente tirar a carta de condução e gozar da liberdade de nos podermos deslocar livremente para qualquer lado sem depender nem pesar a ninguém; pode ser ir viver com o namorado para um país diferente; pode ser enchermo-nos de coragem e fazer aquela exposição ou projeto que paira no nosso coração há meses e que pede para ser realizado; pode ser simplesmente abandonar um emprego que não nos realiza, em nome de um desejo de realização pessoal mais profundo e verdadeiro.

Não menosprezemos as capacidades e possibilidades que temos de mudar e criar a nossa vida.
Desafiemo-nos a ser criativos e a encontrar soluções criativas para todos e quaisquer obstáculos que a vida coloque no nosso caminho.

CURIOSIDADE por oposição ao medo porque é ela que nos vai permitir ir mais além e ampliar a nossa vida. Como diz Elizabeth Gilbert, "tenho 1 grama a mais de curiosidade do que de medo", e é o que basta. Podemos ter imenso medo de fazer uma coisa (o que quer que seja) mas basta que tenhamos apenas um pouco mais de curiosidade e avançamos. Se perguntarmos ao medo o que fazer em qualquer situação ele vai sempre dizer que não, para não fazermos, para não experimentarmos, para não nos aventurarmos. E se seguirmos as suas ordens, ficaremos eternamente enfiados no quarto a olhar pela janela a vida lá fora a passar.  Como ele não tem nada para nos oferecer, a sua proposta vai ser sempre a de não fazermos absolutamente nada, e isso simplesmente para mim não chega. Mas por outro lado, se formos curiosos, vamos querer experimentar coisas, viver novas emoções, tomar riscos. E aí a vida amplia-se, transforma-se e transforma-nos.

Digamos adeus a 2016 com a tranquilidade e certeza de o termos vivido da melhor forma que conseguimos, e abracemos 2017 de uma forma mais criativa e curiosa. 

Feliz Ano Novo!

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