Styling com flores selvagens

Não saberia como reconciliar-me com as coisas, não fosse
cada instante arrancar-se ao tempo
para me dar um beijo.
Cioran


Adoro este pequeno pensamento/poema do Emil Cioran (escritor e filósofo romeno que se radicou em França na década de 40) com que decidi começar o post de hoje. 

Se a memória não me falha, encontrei-o nas páginas de um livro que li há uns anos e que me tocou particularmente: "A Delicadeza" do David Foenkinos. 

É um romance que narra a história da jovem Nathalie que de um dia para o outro vê a sua vida mudar tragicamente de rumo quando o destino, num duro golpe, quis que o seu marido e companheiro de vida morresse acidentalmente atropelado. A sua dor parece prolongar-se eternamente, mas página-a-página (e com o passar do tempo), vamos assistindo ao sarar das suas feridas, à sua reconciliação com a vida e, no final, o reencontro com uma nova felicidade.


E em momentos de crise (naqueles em que também eu me sinto irremediavelmente irreconciliada com a vida) sinto que a poesia e a literatura são aquele beijo que Cioran fala, que se arranca  ao tempo para me ajudar a pacificar com as coisas mais desafiantes da vida. Por isso, recorro a elas com frequência e nunca está muito longe de mim um livro ou uma frase inspiradora.


Poético e inspirador é também este pequeno print que decidi incluir nas fotos de hoje juntamente com as minhas peças, e que comprei há pouco tempo na Vissevasse, um estúdio de design sediado em Copenhaga que tem um talento particular para criar produtos gráficos com uma forte componente poética e de storytelling

Este print faz parte de uma parceria que ele fizeram com a fotógrafa australiana Vee Speers que tem um trabalho super interessante, ora espreitem aqui. Para além deste, comprei mais outros dois pois não consegui decidir-me só por um; são todos mesmo muito bonitos!


E relação às plantas que utilizei para o styling de hoje decidi, pela primeira vez, ir apanhar as minhas próprias flores/plantas

Nos últimos dois anos tenho sido sempre super fiel a uma loja no Mercado da Ribeira que na minha opinião é o melhor sitio em Lisboa para comprar flores (não me lembro do nome, mas quem está virado para a entrada principal é a loja que fica logo ali no lado esquerdo) mas estar sempre a comprar flores não é barato. Por isto, no fim de semana que passou, peguei nas pernas, num saco e na minha tesoura de poda e fui até Monsanto ver o que a natureza tinha para me oferecer.


E a verdade é que fiquei agradavelmente surpreendida com a quantidade de vegetação bonita que encontrei (perfeita para o tipo de fotografias que gosto) e com a experiência agradável que foi ir apanhar plantas diretamente à mãe natureza, que tenho a certeza que não se chateou por lhe ter roubado uns raminhos.

Imagens Homes in Colour

Peças de cerâmica Homes in Colour

Aproveito também a oportunidade para justificar um pouco a minha ausência por aqui. Desde que criei o blog que nunca estive tão ausente como nos últimos dois meses, mas a cerâmica tem-me roubado todo o tempo e também alguma disponibilidade mental (confesso que nunca pensei que  me trouxesse tantos desafios!...). Mas fico feliz por saber que ainda estão desse lado, obrigada!
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