Levar o medo numa grande viagem nem sempre é confortável ou fácil, mas vale a pena.
Elizabeth Gilbert
E hoje regresso ao livro A Grande Magia, de Elizabeth Gilbert, e gostava de partilhar convosco algumas das suas ideias sobre o tema da CORAGEM (é uma forma de eu própria não me esquecer).
O que a autora nos diz neste pequeno capítulo é que se já temos coragem para fazer as coisas e projetos que realmente gostamos e sonhamos, ótimo. Mas se não, temos mesmo que encontrá-la porque "quando a coragem morre, a criatividade morre com ela". Sendo que o seu grande opositor é o nosso já bem conhecido medo.
Quanto mais penso sobre o medo mais acredito ele é o grande aniquilador de tudo na nossa vida. Ao pé dele não há sonhos, projetos ou ideias que resistam pois ele opõe-se a tudo o que é novo, diferente, desconhecido. Eu própria, se tivesse cedido ao medo, nunca teria começado imensos projetos em que já me envolvi (inclusive este blog) e vocês provavelmente nunca estariam desse lado agora a ler. E posso também dizer que conheço algumas pessoas criativas e talentosas que simplesmente não avançaram com projetos porque (no fundo) tiveram algum dos medos da lista abaixo, que Elizabeth Gilbert enumera:
- o medo de não ter nenhum talento
- o medo de ser rejeitado, criticado e, pior que tudo, ignorado
- o medo de que o nosso trabalho não seja suficientemente importante e interessante
- o medo de um dia olhar para trás e ver que os esforços criativos foram uma enorme perda de tempo, dinheiro e empenho
- o medo de não se ter sucesso
- o medo de que alguém já tenha feito melhor
- o medo de não ter a disciplina necessária
- o medo de estar velho de mais para começar
- o medo de não ser levado a sério, etc..
Reconhecem-nos? É provável que sim pois, como diz a autora, o medo não varia muito de pessoa para pessoa, e vai sempre aparecer quando tentamos ser criativos e inovadores. São como gémeos siameses, pois a "criatividade não consegue dar sequer um passo em frente sem que o medo caminhe logo ali ao seu lado." Mas o que ela diz é que não é possível (nem desejável) eliminar o medo da nossa vida porque ele também é importante (e tem o seu papel a desempenhar). "Se quero criatividade na minha vida, preciso de deixar espaço também para o medo. Bastante espaço."
Por isso, a melhor forma é aprender a conviver com ele e aceitá-lo na nossa vida como um dos aspectos fundamentais de quem quer realizar qualquer trabalho criativo. Se não aprendermos a viajar confortavelmente com os nossos medos, jamais iremos a algum lugar interessante ou faremos alguma coisa interessante.
Antes de ler este livro achava que ser corajosa seria eliminar de uma vez por todas os medos da minha vida, o que me parecia uma tarefa hercúlea, impossível e por isso irrealizável. Mas o que agora tanto fazer (umas vezes mais bem sucedida que outras) é aprender a conviver com o medo de uma forma pacífica, a dar-lhe tréguas, a deixá-lo aparecer e dar o ar da sua graça. Mas tento não permitir que ele tome as rédeas da minha vida. Recuso-me a deixar de avançar com um sonho só porque tive medo. Por outro motivo mais válido sim, mas não por este. Acho que é o pior motivo pelo qual não devemos fazer qualquer coisa na nossa vida.
Mais tarde ou mais cedo vamos sempre arrepender-nos.
Continuo a preferir falhar do que não fazer por medo de não conseguir. E tem sido essa atitude que me tem levado a fazer coisas que nunca imaginei fazer e a viver, sem dúvida, de uma forma muito mais criativa. Já me magoei em algumas situações, mas ao menos, nunca vivo com arrependimentos.
Porque no fim, tem valido sempre a pena ser corajosa.
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