4 coisas que me fazem começar Março inspirada



Inspiração tem sido a palavra de ordem aqui pelo blog (e efetivamente sei que tenho que começar a pensar em títulos de posts um pouco mais originais) mas a verdade é que ultimamente me tenho cruzado com tantas coisas inspiradoras, que este post vai seguir um pouco a linha do anterior.


Mas antes de passar ao post propriamente dito, não queria deixar de partilhar esta frase que descobri por acaso há uns dias, e que face à situação que temos vivido, me fez soltar uma gargalhada genuína. Proferida pela personagem Betty Draper da série Mad Men, identifiquei-me com ela, fez-me rir e achei interessante partilhar.


Only boring people
are bored.
- B E T T Y  D R A P E R , EP.6, SEASON 3, MAD MEN

E a verdade, é que apesar de tudo e das circunstância serem efetivamente difíceis (e certamente o serão mais para uns que para outros) não deixo de me sentir ligeiramente privilegiada pelo facto de viver nesta época digital, que me permite (mesmo confinada) estar ligada às coisas mais interessantes, educativas e inspiradoras que existem por esse mundo fora. E por isso, para mim (neste segundo confinamento), têm sido mais as vezes em que me sinto avassalada pelo excesso de informação interessante, do que propriamente tomada pelo aborrecimento.


Mas, divagações à parte, vamos passar para o post de hoje, que espero que gostem e vos seja de alguma forma útil ou enriquecedor.


Por isso, aqui partilho quatro coisas que me fizeram começar este novo mês um pouco mais inspirada.


1 | Esta Casa Bonita


O site da Entrance continua a ser um dos meus preferidos para ver casas bonitas, que me fazem sempre sonhar a aspirar a um estilo de vida mais tranquilo, belo e positivo. Não sei bem explicar porquê, mas a verdade é que ver estas casas incríveis inundadas por tanta luz natural, tem sempre um efeito apaziguador e tranquilizante sobre mim (principalmente nestas últimas semanas em que o excesso de trabalho e stress no atelier tem complicado os meus dias). 


E por isso, sou capaz de ficar horas a admirá-las com toda a atenção, e a saborear cada detalhe ao pormenor. Para além de serem uma ótima fonte de inspiração não só para a minha própria casa, como para o meu trabalho.





Porque como certamente já repararam, as minhas peças têm muito esta estética nórdica, porque é justamente aqui que venho buscar inspiração e refletir sobre o meu trabalho. E é este design simples, claro, minimalista mas elegante que procuro sempre transportar para aquilo que crio.


E a propósito, no outro dia enviei pela primeira vez um conjunto de peças para a Finlândia e fiquei mesmo feliz! Foi a primeira vez que fiz uma venda para um país nórdico, e na minha cabeça fiquei logo a imaginar o seu futuro numa casinha destas (silly me!)




Ver o álbum completo da casa aqui  | Imagens via Entrance


2 | O livro "Art and Fear"


Este livro tem sido (dentro desta temática) dos mais interessantes e enriquecedores que li nos últimos tempos e foi sem dúvida, a melhor forma de começar este mês. Bastante útil e revelador, este livro tem-me inspirado, e acima de tudo ajudado a compreender e encontrar respostas para as dificuldades e desafios que frequentemente sinto enquanto artista e criadora.


Porque fazer arte (no sentido lato do termo) tem sido das coisas mais difíceis e desafiantes da minha vida


E se hoje a atividade artística é uma prática comum feita por pessoas comuns, a mesma encontra-se repleta de perigos, desafios e dificuldades. E com este livro tenho conseguido perceber que aqueles que sinto não são antigos nem heróicos, mas universais e familiares (e provavelmente muito semelhantes aos de todos vocês que desse lado também são criativos).


Taça Esther, disponível na minha loja online


Deixamos desenhos inacabados, histórias por escrever, peças por terminar. Repetimo-nos a nós próprios. Desistimos antes de dominar as técnicas e os materiais. E na maior parte das vezes, as peças que criamos na nossa cabeça são muito melhores e mais interessantes que aquelas que conseguimos materializar no mundo real.


Fazer arte (seja escrever um livro, desenhar roupa, começar um blog, fazer teatro, compôr uma música, etc..) significa todos os dias lidar de frente com o medo e a incerteza. Significa viver permanentemente cheia de dúvidas e contradições. Significa fazer algo que a maior parte das pessoas não se importa muito e que não precisa. E para o qual pode não haver público nem recompensas.



E por isso, esta frase do Stephen De Staebler é tão genial:



Artist don't get down to work
until the pain of working 
is exceeded by the pain of
not working.

- S T E P H E N   D E   S T A E B L E R


Fazer arte pode ser das coisas mais difíceis, dolorosas e perigosas de uma vida. 


Mas não o fazer pode ser ainda mais.


Um livro que recomendo vivamente a todos os artistas por esse mundo fora (e ao qual hei-de regressar brevemente aqui no blog).


3 | O trabalho da artista Pernille Folcarelli


Também este mês descobri o trabalho desta artista dinamarquesa que, inspirada pela natureza a infinita variedade do mundo botânico, cria estes art prints e decorações para a parede que acho verdadeiramente bonitos. E que na verdade até me fazem lembrar vagamente umas experiências que fiz para a cadeira de desenho durante os meus tempos de estudante na Faculdade de Belas Artes. Eram uma espécie de herbários visuais feitos a tinta-da-china com pequenos apontamentos de folha de ouro (já na altura  gostava deste tipo de material) e que hoje , infelizmente, não faço ideia por onde andam... 


Nature never goes
out of style

- P E R N I L L E   F O L C A R E L L I



Cativada desde cedo pela natureza, as folhas e as plantas representam para Pernille memórias de lugares, cheiros, estados de espírito e emoções que hoje, mais do que nunca, procuramos e aos quais queremos estar ligados. Porque já todos conseguimos reconhecer os benefícios e bem-estar que essa proximidade nos pode trazer.

Dentro de um estilo poético, suave e feminino, o seu trabalho artístico (feito essencialmente à base de impressão direta com tintas que posteriormente são transportadas para pósters, postais, e obras têxteis) o seu trabalho é um verdadeiro tributo ao mundo natural e à sua beleza e riqueza visual


My aim is t evoke an authentic joy
of nature, creating sensuous,
calming interior spaces
- P E R N I L L E   F O L C A R E L L I


Confesso que ando a namorar a loja online e a ver a possibilidade de comprar alguma coisa cá para casa, sendo que o que verdadeiramente puxa por mim e apetece comprar são as peças de parede impressas em tecido. Acho-as lindas (vejam as duas imagens mais abaixo), pena que que o preço seja um pouco elevado... (mas estão na minha wish list :)!



3 | Os 25 "Designisms" da Jennifer Morla

Por fim, também não podia deixar de partilhar aqui alguns dos "25 Designisms" da talentosa designer e artista Jennifer Morla, cujo trabalho e pessoa tive oportunidade de conhecer um pouco melhor enquanto ouvia no atelier esta semana mais um episódio do meu podcast preferido no momento: o Design Matters.

Jennifer Morla, imagem retirada da Internet

A Jennifer Morla é uma proeminente designer americana que tem trabalhado para clientes como a Apple, o New York Times, a Levis (entre outros), e que inspirada pelos "truisms" da artista Jenny Holzer, escreveu esta lista de 25 designisms (os quais podem ler na totalidade aqui).

Imagem do site da Jennifer Morla


Numa tradução pessoal um pouco mais livre, aqui ficam 10 dos meus preferidos:


O DESIGN NÃO VIVE NUM VÁCUO ESTÉTICO
o design influencia e é influenciado pela sociedade contemporânea

O DESIGN DEVE SURPREENDER E INFORMAR
e deve fazê-lo segundo essa ordem: surpreender a audiência com o inesperado e a seguir permitir que a sua curiosidade a conduza à mensagem

O GEANDE DESIGN É, SIMPLESMENTE, INOVAÇÃO QUE REFLETE O ESPÍRITO DE UMA ÉPOCA
e torna-se um clássico devido ao seu apelo intemporal

A REPETIÇÃO FUNCIONA
Múltiplos de qualquer coisa funcionam visualmente bem. O artista conceptual Sol Lewitt sabia-o quando alinhou centenas de caixas brancas no chão, e a Gap também o sabia quando encheu as janelas das suas montras com ténis infantis.

OS EXTREMOS FUNCIONAM
muito grande, ou muito espesso, muito pequeno ou muito colorido, muito simples ou muito denso. Funciona.

AS DICOTOMIAS TAMBÉM FUNCIONAM
Tentar justapor opostos: o histórico com o contemporâneo, o rude com o refinado, o ousado com o sublime

O DESIGN QUE ENTUSIASMA E ATRAI OS OUTROS, VEM DE QUESTÕES QUE NOS ENTUSIASMAM E ATRAEM A NÓS

NENHUM DESIGN É COMPLETAMENTE ORIGINAL
Todos somos influenciados pelo bombardeamento de informação visual a que somos expostos diariamente. Mas há que reconhecer que influência e plágio são coisas totalmente diferentes.

UM BOM DESIGNER É UM GRANDE STORYTELLER
Todas as empresas, serviços, pessoas ou instituições têm uma história para contar. Explora a narrativa e elimina o discurso corporativo que já temos muitas vezes internalizado.

UM BOM DESIGNER É UM BOM OUVINTE
Se ouvirmos com atenção os clientes , eles quase sempre não dirão a solução.

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