Pain & Beauty

Transform your pain into beauty,

your longing into belonging.

Susan Cain


Pintura de Kimmy Hogan , da série "Rosa II"


Após algumas semanas em pausa, regressei novamente a ouvir podcasts no atelier, e não podia ter recomeçado da melhor forma. Embora nunca tenha falado muito dele por aqui, o Podcast do Tim Ferriss é outro dos meus preferidos (a par do Design Matters ), e um dos que ouço neste momento com maior interesse e curiosidade.


Já com mais de 600 episódios gravados, cada vez gosto mais da forma como o Tim Ferriss interage com os seus convidados, dos temas que aborda e das questões que coloca.


Por isso, não podia estar em melhor companhia enquanto me encontro de mãos mergulhadas no barro no meu pequeno atelier.


Pormenor do meu atelier


Já agora, aproveito para partilhar convosco alguns dos últimos episódios que ouvi e adorei: o do brilhante Naval Ravikant; o da escritora Anne Lamott; a da maravilhosa e inspiradora Debbie Millman o do incrível Derek Sivers ; o da Suleika Jaouad e do brilhante storyteller Cal Fussman. Recomendo todos!


O último que ouvi foi a entrevista à Susan Cain, que gostei tanto que me inspirou a escrever este post.


Já agora, para quem não conhece, a Susan Cain é autora de um dos Ted Talks mais vistos de sempre intitulado "The Power of Introverts" que conta já com mais de 30 milhões de visualizações e que, segundo li, é um dos preferidos do Bill Gates. E é ainda autora dos livros: o "Silêncio" e o "Poder Silencioso".


Susan Cain, Imagem via Ted Talk


Este episódio foca-se no seu mais recente livro intitulado "Bittersweet : How sorrow and longing makes us whole." e neste post partilho algumas das ideias que achei mais interessantes.


Espero que gostem.


Everything is broken and everything is beautiful and that´s the nature of life. Bittersweet is about the recognition that light and dark, birth and death - bitter and sweet - are forever paired. - Susan Cain


Como diz Susan Cain, a tragédia da vida está intrinsecamente ligada ao seu esplendor e não há forma de as dissociar. E embora esta dualidade faça parte da condição humana desde sempre e para sempre, a arte pode ajudar-nos a transcendê-la.

Pintura de Kimmy Hogan, da série "Rosa IV"

E efetivamente, se definirmos transcendência como o momento em que o eu se desvanece e nos sentimos ligados ao todo, os momentos em que me senti mais próxima dessa experiência foram aqueles em que estive em contacto com alguma forna de arte (principalmente a música e o cinema) ou com a natureza.

Muitas das nossas dores e tristezas, como explica Susan Cain, são na verdade um desejo profundo por um mundo mais belo e perfeito ou, como diria Dorothy no Feiticeiro de Oz, por "something over the rainbow".

Pinturas de Kimmy Hogan

Homesick we are, and always,
for another
And different world.
- V I T A  S A C K V I L L E


O desejo de preencher o vazio e criar uma ponte com esse mundo que ansiamos está assim na génese da criação da criação artística e dos verdadeiros impulsos criativos. Por ele que se têm escrito as melhores obras literárias, se têm composto as música mais belas, se têm pintado as obras de arte mais poderosas e impactantes.


Pintura de Kimmy Hogan, da série "Rosa IV"

Porque os artistas têm a capacidade têm de transformar a dor em beleza e as mágoas em criatividade. E porque nos trazem um sopro de magia desse outro lugar, os admiramos,  e algo se eleva em nós quando ouvimos as nossas músicas preferidas, lemos os poetas que mais gostamos e contemplamos a arte que mais nos inspira.

Bitterswetness is the hidden source of our moon shots, masterpieces and love stories. - Susan Cain

A criatividade tem a capacidade de olhar a dor nos olhos e transformá-la em algo teimosamente belo. E por isso acredito profundamente que num determinado nível, a arte nos salva.



Citação de Gerhard Richter | Livro de Citações de artista da Phaidon


No entanto, não podemos falar de arte nem de criação artística sem também falar de melancolia, de tristeza, anseios de alma e de pesar. Já Aristóteles se questionava o porquê dos grandes poetas, filósofos e artistas terem, geralmente, personalidades melancólicas.


Talvez pela sua percepção mais aguda da passagem do tempo, e por uma consciência mais acentuada da diferença entre o mundo belo e perfeito que ansiamos e aquele em que verdadeiramente vivemos.  Em suma, por uma noção mais permanente da impermanência da vida.


E por isso criamos e somos criativos. Para que a beleza permaneça e aquilo que está desunido, se una.


(porque a nossa dor mais antiga é a dor da separação e o nosso sonho mais profundo é o desejo de união.)


Pintura de Kimmy Hogan, da série "Rosa II"


Concluindo:


- Segue os teus anseios para onde quer que te levem


- Transforma as tuas dores em algo de belo e positivo e os teus anseios numa forma de te ligares aos outros


- As dores de que não te conseguires libertar, transforma numa oferta criativa


- Transcendemos a dor e a perda apenas quando percebemos o quão ligados estamos com todos os outros seres humanos que lutam por transcender a sua.


- Somos apenas humanos (belos e com falhas) ansiosos por amor.



E para terminar bem o post, um poema de Rumi.


I said: What about my eyes?

He said: Keep them on the road.


I said: What about my passion?

He said: Keep it burning


I said: What about my heart?

He said: Tell me: what you hold inside it?


I said: Pain and sorrow.

He said: Stay with it. The wound is the place where the Light enters you. 

2 comentários
  1. Interessante a referência à Susan Cain e a essa TedTalk em particular. Os introvertidos são muitas vezes incompreendidos. Sinto-o na pele. Muitas vezes cansa-me falar com pessoas. Grato pelo artigo! Cumprimentos, Spinpark

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    1. Obrigada pelo eu pelo comentário e pela partilha :) Fico feliz que tenha gostado do post. Um abraço!

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